quinta-feira, agosto 20, 2009

Sem título...

A propósito deste post's lembrei-me de mais uma das muitas conversas do Gil, feita ontem na hora de dormir:
- Mãe?
- Sim filho...
- A avó Etévina morreu?
- Sim, filho.
- O avô véinho (velhinho), também?
- Sim, filho.
- Foram para o xéu?
- Foram.
- Tadinhos deles!

De vez em quando lembra-se deles e, nem sei bem porquê, mas deixa-me sempre com um sorriso nos lábios, pois secretamente fico contente por ele não os esquecer! Lembra-se deles, fala neles, reconhece-os nas fotografias, mas ainda não tem a noção do que é a morte, embora cada vez mais seja obrigado a lidar com esse conceito.
Na casa da minha mãe, pega no mata-moscas e diz "Vou matar as moucas", ou as formigas, conforme lhe apetece. Às vezes lembra-se que na ama, houve dois cães, que também morreram há pouco tempo. Perto da avó paterna há muitos pombos e às vezes lá vê um que sucumbiu... Mas como explicar a uma criança com menos de 3 anos que a morte é um estado sem retorno vivencial ou existencial fisicamente?
Se até a nós nos custa, lidar com isso, será tanto mais dificil fazer uma criança compreender o verdadeiro significado desse repentino desaparecimento... e cá ficamos nós a remoer e a remexer nas memórias passadas, esperando que haja sempre uma réstia de lucidez que nunca apague os bons momentos da nossa vivência.

5 comentários:

Pietra disse...

Olá!
Tens toda a razão, até para nós é difícil lidar com esse conceito...
Bjs

sandra.am.silva disse...

Olá Lisa,
Eu acho complicado e cedo para eles perceberem um assunto destes...

O Afonso também faz perguntas, mas não tanto relacionadas com a morte, talvez porque as coisas lhe estejam a passar ao lado... mas pergunta porque é que a Vóvózinha está doente, e pergunta se ela vai para o hospital, e pergunta porque é que ela está doente, se vai levar injecções...
São perguntas de coisas que a cabecinha dele pensa muito apesar de ele ser ainda muito pequenino...

Beijo!

Sandra

Sofia disse...

Com o Gonçalo também já aconteceram conversas do género. Por causa do bisavô (meu avô) e do cão dos meus pais (ambos falecidos recentemente).
Por um lado eu até acho que é melhor deixá-los ir compreendendo e não ocultar nada. Vão percebendo de forma natural... acho melhor do que mais tarde ficarem chocados.
É a vida... também tem coisas muito tristes, infelizmente.

Beijinhos grandes

Carla disse...

Olá Lisa

Para o Pedro a morte tem a ver com "matar melgas", bicho que anda por esta casa em abundância. A morte desta "bisavó" emprestada foi algo que lhe tentei ocultar, ainda que ele tenha sentido a mudança das nossas rotinas e tenha pedido muito mais a minha presença. Ocultei porque era possível. Se outra pessoa fosse, mais próxima, tal seria impossível. Infelizmente mais tarde ou mais cedo todos eles terão de lidar com esse facto.

Beijos

sotto le stelle disse...

:(

eu sei o quanto custa:(
tive de explicar à Rafinha a morte da própria mãe eo do avô:(

Beijinhos carinhosos de regresso