É Carnaval...

É Carnaval e sempre abominei as brincadeiras idiotas, o atirar de ovos podres, as molhas despropositadas, as brincadeiras tolas que se fazem por aí...

No entanto nesta época recordo sempre um rapaz, que era somente um dia mais novo do que eu, em que as nossas mães se encontraram na maternidade.

Vivia também na aldeia, perto de nós e era terrível, só estava bem a fazer patifarias. Andou comigo na escola primária. Ainda cedo, pelos nossos 16 anos, começou a andar com companhias que o levaram para o mundo da droga.

Logo após termos feito os 18 anos, eu ingressei na faculdade e ele sofreu um acidente de mota, perto da casa dos meus pais. Ele não sobreviveu, o outro que o acompanhava sobreviveu a esse acidente, para anos mais tarde não sobreviver a uma overdose...

E no Carnaval acordávamos sempre a meio da noite com os sinos da igreja a tilintar e já sabíamos que era o Xana que lá andava a tocar... nos dois primeiros anos após a sua morte, os seus irmãos ainda quiseram manter viva a sua memória e lá foram tocar o sino. Agora já não se ouve o sino da igreja a tocar madrugada a dentro, no Carnaval... Mas recordo-me sempre dele nesta altura, assim como no meu aniversário, por saber que ele iria fazer os mesmos anos que eu no dia seguinte, pois apenas tinhamos horas de diferença.

Agora o Carnaval é para o Gil. Comprei-lhe um fato à pirata, por esta hora deve a ama estar a vesti-los para irem até ao largo da aldeia, juntarem-se com os meninos do colégio e darem as conhecer as suas máscaras à população da aldeia.

A ama lamentou-se que este ano não tinha máquina fotográfia e eu disse-lhe logo, que não era por isso que ia deixar de os fotografar! Deixei-lhe a minha máquina e mais logo espero ver as fotos do cuquito e dos amiguinhos.

Quero agradecer a todos os que deixaram as melhoras para a minha avó, ela vai permanecer internada no hospital, até que as suas pernas comecem a melhorar um pouco, pois estão demasiado inchadas. Ela está muito desidratada e isso afectou-lhe as suas capacidades mentais, pelo que umas vezes reconhece-nos e outras não, depois diz coisas que apesar de não terem piada nenhuma, nos dão vontade de rir, como já ter dito que a minha mãe tinha cara de bêbada ou que as enfermeiras lhe faziam a vida negra ou que morava num local, onde morou quando era miúda. Espero dias melhores.

Aproveitem o bom tempo e gozem muito esta época festiva, afinal é o melhor que fazemos...