terça-feira, outubro 20, 2009

A febre da Gripe A... ou a loucura generalizada deste cenário...

Bem sei que tenho andado ausente, mas o tempo é pouco...
Ontem o dia foi um pouco diferente, desde domingo que o Gil apresentava uma "tosse de cão", se bem que seca, revelava alguma especturação. Ontem, andou bem, ainda foi ao colégio, mas de regresso a casa a febre resolveu aparecer, tendo o termómetro indicado 38º graus.
Nunca fui alarmista nestes casos, e tratei-o como trataria, se não houvesse o pandemónio que este país resolveu fazer acerca da mais recente gripe.
Chegámos a casa e dei-lhe uma banhoca de água morna e coloquei-lhe um supositório Ben-U-Ron. Ele nunca esteve prostrado, nunca se queixou de dores de cabeça ou no corpo e esteve sempre reactivo, bem acordado (mesmo com a febre) e activo, um pouco mais sereno do que o habitual - desejava que mais vezes, este fosse o estado normal dele - mas ficar quieto muito tempo, não é para ele, nem mesmo com febre.
Além da febre e da tosse, não tinha mais sintomas de doença. Calculei que fosse garganta...
A febre voltou durante o sono, um pouco antes da meia-noite e com ela, alguma agitação, fartou-se de falar a dormir e eu achei por bem acordá-lo e dar-lhe uma colherzinha de Brufen. Falei com o L. e resolvemos ir aos Vigilantes, para quem não sabe, é uma associação que presta cuidados médicos, da qual somos sócios.
Podia te-los chamado a casa, mas se houver muitas chamadas, poderíamos ter de aguardar uma noite inteira... e assim fomos até lá. E desta vez detestei o atendimento!
Fomos atendidos por um médico com péssimo aspecto (inicialmente até pensei que fosse um doente e só depois percebi que aquele era mesmo o médico), espanhol, argentino, colombiano, cubano ou qualquer coisa do género, que falava um portinhol desgraçado, que quase não o entendíamos, disse-nos que devíamos era ir a uma urgência hospitalar, porque podia ser Gripe A... mal entrámos colocou uma máscara e até aí, tudo bem, até compreendo, mas limitou-se a auscutá-lo, a meio metro de distância e nem sequer lhe viu a garganta, sendo que a tosse era evidente.
Parece que a história da doença da Gripe A, afecta mais estes profissionais de saúde a nível mental, do que na realidade física!

Quando saímos de lá, resolvi ligar para a Linha Saúde 24 e fui super bem atendida. A chamada até caiu e ligaram-me de volta. Indicaram-nos que apesar do Gil só apresentar dois sintomas de gripe, que podia ser apenas sazonal, devia ser visto para despistagem e fiquei a saber que os Postos de Atendimento da Gripe (A ou outra qualquer, pelo que percebi) só funciona em horário diurno, em alguns casos, mas poucos, com horário alargado, até à meia-noite. Portanto, não se atrevam a apanhar Gripes, fora do horário estabelecido!
A enfermeira deu-me alternativas de postos de atendimento e escolhi o mais próximo aqui do trabalho, sendo que de seguida podia deixá-lo na minha sogra, pois ir para o colégio estava fora de questão. Ela encaminhou um mail, para que logo de manhã, quando fosse fazer a inscrição dele, já tivessem lá a informação.
Regressámos a casa, para dormir cerca de 4 horitas, o Gil conseguiu descansar com alguns episódios de tosse pelo meio, mas a febre não voltou. Às 8 da manhã, estávamos à porta do Posto, acompanhados por uma chuva chata e intensa, que se fazia sentir na zona de Lisboa.
Reparámos em coisas engraçadas (mas sem graça nenhuma...). Cá fora (entenda-se, à chuva) estava um lavatório, com desinfectante para as mãos... entrámos e o segurança veio refilar connosco que não podíamos estar ali sem máscara e eu ainda nem tinha chegado ao sítio onde elas estavam, para as poder tirar e usar... e como acha esta gente ser possível, colocar uma máscara com 4 atilhos a uma criança que ainda nem 3 anos tem???
Mal entrei tive de ir à casa de banho, lá usei o desinfectante e fui fazer a inscrição do Gil, com ele ao colo e tentando colocar-lhe a máscara à frente, porque ele não a queria nem ver... depois passámos à triagem, tiram-lhe a temperatura (36,3º), tentaram medir-lhe a tensão, coisa impossível, pois ele não parava quieto com o braço, mediram-lhe o grau de saturação e estava tudo bem.
Voltámos para a rua, para debaixo de um telheiro (mais uma vez porque não podíamos lá estar sem o Gil ter máscara, o que até compreendo, porque o perigo de contágio dos outros doentes - muito poucos a esta hora - também era preocupante). Depois quando fomos chamados, o médico foi super atencioso, brincou com ele, auscutou-o e viu-lhe a garganta, coisa que seria mais do que óbvio, né? E deu-me o diagnóstico que o outro idiota podia ter dado desde logo, se não estivesse a fazer frete numa profissão, que parecia não ser para ele e se não estivesse com medo de contrair uma doença, que é um risco na profissão em questão (bolas, por alguma razão deixei de ser professora, comecei a considerar que os riscos da profissão já eram maiores do que a minha satisfação... bem não sei... mas esta situação fez-me reflectir sobre tudo!) e fiquei a saber que o Gil tem somente uma laringite, tal como eu calculava (e não sou médica!).
Alertou-me para o facto dos sintomas só regredirem entre 3 a 5 dias, sendo que hoje ele ainda não manifestou febre e decidi que pelo menos hoje e amanhã e não iria para o colégio. No resto da semana, logo se vê. Não lhe foi prescrita qualquer medicação adicional, indicou que fizesse o Brufen e o Ben-U-Ron alternadamente, como já estava a fazer e que só se piorasse, é que havia necessidade de ir ao médico de família e passar para antibiótico.

Quando saímos de lá, deixei o Gil na minha sogra e vim trabalhar.
Mal aqui cheguei liguei para o colégio e avisei a educadora e disse-lhe que tinha muita pena, porque hoje era o dia das fotografias e ela disse-me, para não me preocupar que iam pedir ao fotógrafo para lá voltar, porque havia mais meninos doentes e que tinham ficado em casa. Achei óptimo! Ela disse que depois só não podiam tirar a fotografia de grupo, mas que podia, ainda assim, tirar com a máquina dela e facultar-nos.

Resumindo, acho que este país anda à beira da loucura por causa desta pseudo-pandemia... uma pessoa parece que já não pode espirrar ou tossir, que é logo catalogada como tendo a Gripe A, estamos no inicio do mau tempo, com temperaturas oscilantes que dão origens a estas doenças sazonais, especialmente em crianças que têm sempre as defesas mais baixas, creio que qualquer médico deve ter a noção dos riscos que corre na sua profissão e não deixar de ser profissional. Não levo a mal que usem as máscaras, mas se têm um doente, sem grandes sintomas da doença, deviam pelo menos tentar fazer um diagnóstico, excluindo a probabilidade mais negra do panorama, pois qualquer pessoa minimamente informada sabe que a Gripe A, dá dores de cabeça e corporais, dá arrepios e ardor nos olhos, muitas vezes vómitos e diarreia e o Gil não tinha nada disso... aquele médico começou a dizer que não tinha marcadores de despistagem para saber se era Gripe A ou não e no Posto de Atendimento, bastou que lhe vissem a garganta para diagnosticar o óbvio, sem ter de usar marcadores de despistagem ou qualquer coisa semelhante...
Acho que até o Gil se estava a passar com o médico, porque só dizia "Mamã, vamos pra casa...".
Calculo que estas situações se passem não só no nosso país, mas só este ano se começou a ouvir dizer que em caso de sintomas de gripe (qualquer gripe), deve-se ficar em casa, sendo que as estatísticas de ano passado revelavam que Portugal era um dos poucos países, onde as pessoas vão trabalhar com Gripe, porque será?
Continuo a achar de que apesar disto não ser apenas em Portugal, estas situações não deixam de ser lamentáveis.

7 comentários:

Sandra disse...

Que aventura!

Espero que o pior já tenha passado.

Privatizei, mas enviei-te um convite.

Bjs grandes e as melhoras do Gil.

Mamã Pirata disse...

Olá LISa o que escreves infelizmente é bem verdade anda tudo doido cm medo á gripe e só provocam maus diagnosticos.
Em tempos li que um menino na escola foi posto numa sala completamente isolado só pq tinha febre e pensaram logo o pior ,parecia que o miudo tinha a lepra e no fim era uma constipação normalissima.

Enfim...
Desejo as melhoras do teu menino.

bjs.

sandra.am.silva disse...

Olá Lisa,
Tudo o que dizes é verdade!
Eu acho que com esta questão da gripe A são mais os alarmismos, que outra coisa. Eu nem consigo catalogar os profissionais de saúde de cuidadosos e previdentes... muitas das coisas que vejo e me contam, não são mais que "anedotas", "empurrar para canto" e excentricidades.
Vê lá, havia necessidade de levar o Gil até um desses postos? Só porque um tipo era do contra e estava chateado por estar a trabalhar à noite? Nesses postos, sim, poderia haver mais contacto e possível contágio... e fazer um miúdo passar por lá? É muita falta de profissionalismo!
Beijinhos e as melhoras do Gil!

Sandra

Dinastia FilipiNHa disse...

Sim, muito lamentáveis mesmo!!!

Haja paciência para tanto disparate!!!!

Beijinhos e as melhoras do Gil!

joana disse...

Bem, que filme... Portugal no seu melhor...

bj

Maria Lavrador disse...

Eu tb acho q existe algum exagero, é preciso ter algum cuidado para q n fique toda a gente doente mas nada de alarmismos loucos. de qq maneira ainda bem que o teu menino já está medicado

Bjs e as melhoras dele

Cláudia Braz disse...

Felizmente, no caso da Daniela e do Duarte, que tiveram quase a mesma coisa que o Gil, correu tudo bem melhor!
Não há dúvida que a paranóida da gripe A afecta mais algumas pessoas! Mas os sintomas são bem claros, e só quando há todos (menos os vómitos, que podem não acontecer), é que se procede ao despiste da Gripe A. E no caso do Gil, não havia assim tantas razões para alarmismo, felizmente!

Espero que ele já esteja bem melhor! Beijinhos grandes!