quinta-feira, abril 16, 2009

No rescaldo...

Estes últimos dias têm sido ocupados com algumas coisas que tinham de ser feitas obrigatoriamente...
Com a morte de ambos os meus avós, as suas coisas têm de ser vistas, revistas, dadas, aproveitadas, arrumadas, distribuidas, etc. Ao contrário do que muita gente da aldeia onde os meus pais moram, pensa, os meus avós não deixaram muito dinheiro, mas deixaram alguns bens que tem de ser cuidados. Algum dinheiro que tinham junto, ao longo dos anos de reforma, foi utilizado para nestes últimos meses, para lhes proporcionar algum bem estar e afinal é mesmo para isso que o dinheiro serve.
A casa onde habitaram nos últimos três ou quatro anos, nem sei bem, era deles. A casa onde os meus pais habitam também era deles, assim como mais algumas coisas. Neste momento, temos estado a retirar tudo o que é pessoal da casa deles, que vai ser arrendada. Muitas coisas têm-me vindo parar às mãos, nomeadamente algumas loiças, algumas roupas de casa e até algumas coisas que fui eu que lhes ofereci.
Tudo isto me faz pensar que a vida é tão somente uma passagem... acumulamos imensas coisas das quais nem sequer fazemos uso. A minha avó tinha imensas roupas de casa, desde naprons, a lençóis, toalhas, etc. que nunca usou. São coisas que hoje cairam em desuso, mas como é óbvio, podem ser usadas. Aproveitei alguns lençóis para a cama do Gil, já que na minha cama ficam pequenos, algumas toalhas também para ele, um serviço de chá lindíssimo da Vista Alegre, os tais pratos decorativos de que falei no outro post, que já estão pendurados na minha cozinha e mais umas pequenas coisas.
São recordações que irão ficar para sempre, ou melhor, até à minha partida, também.
Não há dia nenhum que não me lembre deles, em especial da minha avó. A minha mãe confessou-me hoje que apesar dela muitas vezes ela lhe fazer a vida negra, com o seu feitizinho terrível, lembra-se demasiadas vezes dela e diz que nunca pensou sentir tanto a sua falta.
Um dia destes, eu ia a entrar na casa dos meus pais e tive a sensação que a ía encontrar sentada à mesa da cozinha, a beber café, como fazia vezes sem conta. Noto que as suas ausências estão a fazer-se sentir cada vez mais. Se ao principio tudo nos parece meio irreal e apesar da sua morte ser já esperada nos últimos dias, tanto para o meu avô, como para a minha avó, foi tudo muito depressa (e ao mesmo tempo, muito lento, pois o sofrimento dos últimos dias consumia-nos, a cada dia que passava!).
Um outro dia, vinha de carro a descer uma rua que em frente um chafariz e por momentos pensei ver ali o meu avô, como o via tantos outros dias... Não há como contronarmos a saudade que já começa a ser muita, as lágrimas afloram-nos os olhos mais vezes do que desejamos.
O meu pai de cada vez que vai a casa deles, desata num pranto... o que é natural, em 3 meses, perdeu ambos os pais. Sendo avós custa, mas eu penso que se fossem os meus pais, seria ainda pior...
Sabemos que é lei natural da vida, mas a morte é na nossa sociedade e cultura e tabú muito grande. Como dizemos às nossas crianças que alguém morreu? Ao Gil foi dito que o "avô velhinho e a avó E. foram para o céu."
Esta semana o cãozinho da irmã da ama foi morto por outros. Ele agora só diz "não há Gôdo!" e para atenuar esse sentimento de falta, que para ele ainda é incompreensível, disse-lhe "o Gordo foi para a terra dos cãezinhos". Quanto mais tempo conseguirei portege-lo da ideia de morte? E afinal de contas, porque temos esta necessidade de proteger as nossas crianças, de algo tão natural?
Desculpem lá, mas estas crises existenciais têm rondado a minha vida nos últimos dias... também pela noticia de uma rapariga que conheço, que é pouco mais velha que eu, penso que não terá mais de 40 anos e tem uma filha com 15 anos, recebeu a noticia recentemente que tem poucos dias de vida, devido a um cancro na pele que já alastrou a mais orgãos vitais. Há coisas que são mesmo dificies de digerir...
Mais um post dread... perdoem-me, mas precisava de desabafar sobre estas questões.

10 comentários:

Ana Santos disse...

Oh, amiga custa muito a partida dos nossos entes queridos.
Já perdi o meu pai, faz 10 anos em Agosto, no início sonhava muito com ele, no sonho ele estava vivo, mas sabia que ele já tinha morrido.
Depois há sempre aquela sensação de os ir ver onde era costumo vê-los.
A mim parecia que o via sempre na cadeira dele a ver TV.
Já não comentei há mais tempo porque em casa dava-me erros e não conseguia ler o post.
Beijos,
Ana e seus tesourinhos

teresa disse...

São situações muito complicadas.
Eu já perdi muitos familiares. A 1.ª pessoa que me marcou e deque eu melembro foi o meu avô paterno, tinha 7 anos, ainda hoje me lembro de ouvir a noticia de onde estava e da minha reacção.
A Matilde, felizmente, nunaca passou por esta situação, mas também a ia tentar proteger o máximo que pudesse.
Beijos.
Teresa e Matilde.

sandra.am.silva disse...

São coisas complicadas... embora todos saibamos que é o que de mais certo temos!
É dificil perder 2 pessoas assim em tão curto espaço de tempo... muito.
Eu perdi o meu Avô e duas tias em 15 dias... sei o que isso é.
Quanto ao sonhar, eu acho isso tão saudável... para mim não são mais que saudades.
Beijo grande para ti!
Beijo, beijo, beijo

Sandra e Afonso
www.bebeafonsinho.blogspot.com

Unknown disse...

fogo miga realmente.. os meus pêsames.
jinhos fofos para vocês e força miga, infelizmente tudo faz parte desta vida

Simão disse...

Passei só p deixar um BEIJO muito grande e dar-te muita FORÇA!!

BOM FIM DE SEMANA

Cláudia Braz disse...

Sinto muito!
Eu perdi os meus avós muito cedo, por isso não tenho grandes recordações deles! Mas lembro-me bem da reacção do meu pai à morte da minha avó!

sotto le stelle disse...

Sinto muito amiga:(((

Perdi o meu pai vai fazer 10 meses:((((

Beijinhos carinhosos de boa semana
mas super cansados, ufa!

Dinastia FilipiNHa disse...

Fazes muito bem em deitar cá para fora!!!

Um beijinho grande e um abraço apertadinho

Mama Babada disse...

Miminho no meu blog.
Beijokas
Nídia e Eva

Pipocas Bebé disse...

Um beijinho e um abraço muito apertado.